Páginas

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Algumas palavras sobre Benazir Bhutto

É fim de ano e a princípio tudo é festa. No entanto, venho percebendo de um tempo para cá que é no período entre o natal e o ano novo que acontecem alguns eventos extremamente impactantes. O atentado que culminou com a morte de Benazir Bhutto é um desses casos.

Benazir Bhutto havia retornado ao Paquistão para lutar por um lugar que era seu. Líder oposicionista, francamente popular entre os mais pobres, oriunda da alta aristocracia paquistanesa que lutou pela independência e governou o país em determinados momentos (seu pai foi o primeiro primeiro-ministro civil do país), era certo que ela venceria as próximas eleições e se tornaria, pela terceira vez, a primeira-ministra de do Paquistão.

No entanto, foi morta ao melhor estilo covarde do terrorismo. Primeiro dois tiros, um no peito e outro no pescoço e logo depois o atirador se explodiu e matou mais 15 pessoas. Pura covardia, puro ódio, pura politicagem rasteira dasqueles que nao aceitam mudanças, que nao querem avançar no tempo.

Benazir Bhutto foi afastada da chefia do governo, quando primeira-ministra, acusada de corrupção. Nunca foram comprovadas as denúncias mas, claro, a imagem ficou marcada. Fato é que não se faz política sem sujar as mãos (já dizia Tancredo Neves numa versão mais escatológica que esta que publico). Mas não há dúvidas que Benazir representava a novidade.

Uma mulher, chefe de governo de um país árabe é sempre uma novidade. E Benazir foi a primeira. O bom de Benazir, tal como Bachelet no Chile, é que era uma mulher com cara e jeito de mulher. Não era uma mulher que se embruteceu para se tornar uma líder política. Era uma mulher que tinha um estilo feminino de fazer política.

A morte de Benazir Bhutto nos entristece. Nos mostra que o mundo está um pouco mais feio, um tanto mais complicado e que nós, que atuamos na política, que queremos transformar a realidade, temos muito que caminhar, muito que aprender e muito que tomar cuidado, porque matar ou morrer, para alguns, é apenas um movimento de peça num tabuleiro.

Que a morte de Benazir nos sirva a todos, homens, mulheres, árabes e nao árabes, mas nós, cidadãos do planeta, reflitamos sobre que mundo queremos deixar para as gerações futuras e que tipo de estilo político é esse que mata adversários sem a menor chance de defesa.

Para Benazir meu carinho e meu luto.

5 comentários:

Cristiane A. Fetter disse...

Vou ser sincera Marcio, realmente não esperava o assassinato desta mulher, que escolheu lutar por uma causa, até em detrimento de sua vida pessoal.
Me choca saber que talvez pessoas de seu próprio país tenham feito isso.
Me entristece, ver pessoas que tem esta coragem, serem exterminadas.
Muito bom seu post.
Abraços.
www.todoyda.blogspot.com

Anônimo disse...

Aí Márcio, o lance é o seguinte, a Alquaeda já assumiu o ataque, e a Benazir era também aliada do ocidente, então lá no paquistão não tem pra onde correr.
O absurdo é a política dos EUA que financia uma ditadura no paquistao e ameaça o Irã, na fronteira, apenas por fazer o mesmo.

Anônimo disse...

Gostei muito desse post e seu blog é muito interessante, vou passar por aqui sempre =) Depois dá uma passada lá no meu site, que é sobre o CresceNet, espero que goste. O endereço dele é http://www.provedorcrescenet.com . Um abraço.

Anônimo disse...

O Paquistão não é um país árabe, mas sim do Sul da Ásia (em conjunto com a Índia, Bangladesh, Nepal, Sri Lanka, etc). A língua comum é o urdu, havendo outras reconhecidas (sendo que nenhuma delas é árabe).

Você faz um grande trabalho para lutar contra o preconceito contra afro-brasileiros e descendentes de africanos em geral, seria legal que não tivesse preconceitos e generalizações acerca da Ásia ou do Oriente Médio.

Marcio Alexandre M. Gualberto disse...

Obrigado por puxar a orelha, Rafael, às vezes precisamos disso. Até porque no calor da escrevinhação deixamos um pouco a pesquisa de lado. Portanto, suas observações são válidas, pertinentes e serão seguidas daqui para a frente. Com meu abraço.