Para mim, a melhor definição deste momento foi dada pelo rapper Jay Z: Rosa Parks sentou-se para que Luther King pudesse andar; Luther King andou para que Obama pudesse correr; Obama correu para que nós possamos voar...
Apesar de ser uma vitória aguardada por muita gente, em mim provocou enorme impacto a eleição de Obama. Uma semana antes um outro jovem negro havia feito história ao se tornar campeão do competitivo e mega elitizado mundo a Fórmula 1. Logo após, um outro jovem, de 47 anos, uma geração apenas, acima da minha, elegeu-se o mais poderoso mandatário do planeta. O homem sobre quem cairão agora as responsabilidades de vida e morte, do destino global, da construção de um futuro melhor e mais justo para todos nós.
A vitória de Obama foi comemorada em todo o mundo e, em alguns lugares, parecia que ali também ele tinha sido eleito. Nas listas do Movimento Negro brasileiro, pululam análises tentando entender o por quê de os EUA, 40 anos após os direitos civis terem se tornado uma realidade lá conseguirem eleger um presidente negro ao passo que aqui nós mal e porcamente não conseguimos eleger nem mesmo um número considerável de vereadores.
Ainda não me manifestei sobre isso e nem sei se quero me manifestar. Para mim as análises sobre estes fatos na verdade estão muito mais no campo das relações políticas que nós mesmos estabelecemos entre nós, do que na fragilidade ou não do nosso sistema político-eleitoral. Para mim, o fato concreto é que se Obama fosse brasileiro, ele teria se lançado candidato num dia e no outro haveria mais três negros, ou negras, se candidatando junto. Ou então, uma meia dúzia de três ou quatro estaria pronta para detoná-lo nos veículos de comunicação, contando seus podres e minando suas possibilidades.
Mas independente dos por quês, acho que está na hora de começarmos a pensar nas construções reais que nos levem nos próximos 10, 15, 20 anos a ter um homem ou uma mulher com reais chances de se eleger à presidência do nosso país...
Por outro lado, isso também é muito relativo. Cinco anos atrás, ninguém havia ouvido falar em Obama. Ele se tornou relevante no cenário político americano quando fez um discurso arrasa-quarteirão na convenção de seu partido e chamou a atenção pra si.
O que me chama a atenção em Obama é que ele não teve medo de encarar a missão que ele mesmo se deu. Colocou como ideal a busca da presidência e não se apequenou. Pelo contrário, a cada dia tornou-se maior e não abriu mão em momento algum de acreditar que poderia chegar lá. Não tenho dúvidas que o grupo de Hilary Clinton deve tê-lo assediado de tudo quanto era forma. Afinal, ele é novo, em idade e na política, Hilary é senadora duas vezes, ex-primeira dama, mulher tarimbada e mais velha... Na lógica política brasileira política é fila! Obama não quis nem saber e furou a fila com a cara-dura e levou de lambuja a presidência dos EUA e a liderança mundial.
Talvez o que fique como lição no histórico feito americano são algumas questões bem interessantes:
1) O discurso radical e de gueto não funciona mais. Afirmar a negritude não é excluir o outro, mas é buscar um discurso de conciliação e real integração entre os grupos distintos. Obama ousou em falar para a sociedade americana e não apenas para os negros. Ele não buscou se tornar uma liderança negra, buscou se tornar presidente dos EUA e sabia que só conseguiria se tivesse votação entre a população branca. Isso ele viu, foi lá e venceu!
2) A maturidade política dos grupos americanos, principalmente os negros, tornou possível a eleição de Obama e, ao mesmo tempo, nos coloca o desafio de pensar nossa própria realidade como negros da diáspora vivendo as similaridades do caso brasileiro;
3) É chegada a hora de lançarmos novos debates sobre conjuntura política e modus-operandi de maneira que possamos criar condições para superar nossas debilidades e dar alguns passos adiante.
O momento é de comemorar mas também de avaliar; de avaliar e não transformar em xororô, mas pensar que somos testemunhas da história e temos responsabilidades diante dela. Faremos a diferença quando soubermos transformar nossa realidade e a de milhões de negros brasileiros a partir dos aprendizados que possamos ter daqui pra frente.
Apesar de ser uma vitória aguardada por muita gente, em mim provocou enorme impacto a eleição de Obama. Uma semana antes um outro jovem negro havia feito história ao se tornar campeão do competitivo e mega elitizado mundo a Fórmula 1. Logo após, um outro jovem, de 47 anos, uma geração apenas, acima da minha, elegeu-se o mais poderoso mandatário do planeta. O homem sobre quem cairão agora as responsabilidades de vida e morte, do destino global, da construção de um futuro melhor e mais justo para todos nós.
A vitória de Obama foi comemorada em todo o mundo e, em alguns lugares, parecia que ali também ele tinha sido eleito. Nas listas do Movimento Negro brasileiro, pululam análises tentando entender o por quê de os EUA, 40 anos após os direitos civis terem se tornado uma realidade lá conseguirem eleger um presidente negro ao passo que aqui nós mal e porcamente não conseguimos eleger nem mesmo um número considerável de vereadores.
Ainda não me manifestei sobre isso e nem sei se quero me manifestar. Para mim as análises sobre estes fatos na verdade estão muito mais no campo das relações políticas que nós mesmos estabelecemos entre nós, do que na fragilidade ou não do nosso sistema político-eleitoral. Para mim, o fato concreto é que se Obama fosse brasileiro, ele teria se lançado candidato num dia e no outro haveria mais três negros, ou negras, se candidatando junto. Ou então, uma meia dúzia de três ou quatro estaria pronta para detoná-lo nos veículos de comunicação, contando seus podres e minando suas possibilidades.
Mas independente dos por quês, acho que está na hora de começarmos a pensar nas construções reais que nos levem nos próximos 10, 15, 20 anos a ter um homem ou uma mulher com reais chances de se eleger à presidência do nosso país...
Por outro lado, isso também é muito relativo. Cinco anos atrás, ninguém havia ouvido falar em Obama. Ele se tornou relevante no cenário político americano quando fez um discurso arrasa-quarteirão na convenção de seu partido e chamou a atenção pra si.
O que me chama a atenção em Obama é que ele não teve medo de encarar a missão que ele mesmo se deu. Colocou como ideal a busca da presidência e não se apequenou. Pelo contrário, a cada dia tornou-se maior e não abriu mão em momento algum de acreditar que poderia chegar lá. Não tenho dúvidas que o grupo de Hilary Clinton deve tê-lo assediado de tudo quanto era forma. Afinal, ele é novo, em idade e na política, Hilary é senadora duas vezes, ex-primeira dama, mulher tarimbada e mais velha... Na lógica política brasileira política é fila! Obama não quis nem saber e furou a fila com a cara-dura e levou de lambuja a presidência dos EUA e a liderança mundial.
Talvez o que fique como lição no histórico feito americano são algumas questões bem interessantes:
1) O discurso radical e de gueto não funciona mais. Afirmar a negritude não é excluir o outro, mas é buscar um discurso de conciliação e real integração entre os grupos distintos. Obama ousou em falar para a sociedade americana e não apenas para os negros. Ele não buscou se tornar uma liderança negra, buscou se tornar presidente dos EUA e sabia que só conseguiria se tivesse votação entre a população branca. Isso ele viu, foi lá e venceu!
2) A maturidade política dos grupos americanos, principalmente os negros, tornou possível a eleição de Obama e, ao mesmo tempo, nos coloca o desafio de pensar nossa própria realidade como negros da diáspora vivendo as similaridades do caso brasileiro;
3) É chegada a hora de lançarmos novos debates sobre conjuntura política e modus-operandi de maneira que possamos criar condições para superar nossas debilidades e dar alguns passos adiante.
O momento é de comemorar mas também de avaliar; de avaliar e não transformar em xororô, mas pensar que somos testemunhas da história e temos responsabilidades diante dela. Faremos a diferença quando soubermos transformar nossa realidade e a de milhões de negros brasileiros a partir dos aprendizados que possamos ter daqui pra frente.
3 comentários:
Finalmente li aguma coisa que não é só eleogio e sinônimo de euforia na direção das Eleições americanas. Passado entusiasmo chega a reflexão sobre a conjuntura para além da questão racial - justamente pelo fato dela não ser uma questão periférica e sim estruturante - no momento em que um senador do PMDB afirma que o Brasil já deveria ter superado seu racismo e não se inclui na sua observação. Com tranquilidade devemos avaliar as questões do campo subjetivo se inserem neste debate!
Genial, Márcio, a análise é muito correta, o texto muito bem escrito. Você nos orgulha. Abraços.
Sempre muito bom olhar aquela familia negra, linda e Sim poderosa, pra mim, para minha filha sempre será elogios.
Mulher, Negra, Mãe, Separada, Não Militante, Pobre,
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