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quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Fernandinha e Fernandona encheram a tela e nossos olhos nesta noite de quarta no Odeon


Fernandinha

"Jogo de Cena", de Eduardo Coutinho é mais um brilhante documentário do diretor de "Cabra Marcado para Morrer", "Edifício Master" e "Peões". Selecionou vinte e três das oitenta e três mulheres que contaram suas histórias de vida, atendendo a um anúncio de jornal publicado pela produção do filme. Depois, Coutinho convida Fernanda Torres, Andréia Beltrão, Marília Pêra, Mary Sheyla e outras para interpretar a seu modo as histórias escolhidas. Com depoimentos comoventes, o filme lembra “Os Injustiçados” (Bob Balaban, 2005), onde atores interpretam prisioneiros condenados injustamente a pena de morte. Mas Eduardo consegue dar sua marca, ao deixar que as atrizes saiam, as vezes, do personagem e coloquem suas inseguranças em relação a forma como estão fazendo os papéis, suas angústias, medos, truques para chorar.

Fernandona

Íntimos como nunca fomos na vida real, Fernandona e eu temos algo em comum: a admiração por Gabo, outro com quem também não compartilho da mínima relação pessoal (daí chamá-lo pelo apelido). E vê-la interpretando a mãe de Javier Bardem neste filme, com aqueles seus imensos olhos saltando para fora das órbitas (e da tela) ao ver o filho definhar por um amor impossível, devido a sua condição social inferior é o máximo! Ver Fernandona mandar cuspe no inglês com sotaque brasileiro, no meio de vários sotaques latinos é o máximo! Ver Fernandona, velha de verdade, contracenando com jovens atores empastelados de rugas de resina e pancaque, para parecerem muito mais velhos é simplesmente o máximo! Ver Fernandona morrer dura, com os olhos esbugalhados (ah, que olhos!) é simplesmente o máximo! Ver as cenas de Fernandona pontuadas pela trilha sonora de Antonio “Ziraldo” Pinto é simplesmente o máximo. Isso é o filme baseado no romance de mesmo título de Gabriel García Márquez, "O Amor em Tempos de Cólera", do diretor Mike Newell. Uma história bem contada, com fotografia deslumbrante de Affonso Beato e uma maquiagem horrível, que simplesmente não envelhece os atores para marcar a passagem de tempo e caracterizá-los em idade avançada. E Fernandona, minha íntima amiga do cinema, do teatro e da tv.


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