"Sonhei, que Zumbi dos Palmares voltou/que a tristeza do negro acabou/foi uma nova redenção/Senhor, ah Senhor, eis a luta do bem contra o mal/que tanto sangue derramou/contra o preconceito racial." (Mangueira, 1988)
São 120 anos de Abolição da escravatura e cá estamos nós, Movimento Negro organizado, dando uma mostra de fragilidade. Não de fragilidade política, mas de fragilidade organizativa. Como somos ruins em trabalhar com elementos simbólicos! Temos tudo à nossa mão mas deixamos passar e quando percebemos somos atropelados pelo tempo.
Quando Isabel assinou a Lei Áurea já não existiam tantos escravos assim, mas muita gente nos interiores do país só foi saber da Abolição muitos meses depois. Era o tanto que demorava a informação para chegar, dias, semanas, meses.
Efetivamente, a Abolição foi mais pelo simbólico do que pelo real, pois, efetivamente, nada mudou na vida de escravos, ex-escravos. Pelo contrário, foram retirados de uma tragédia e jogados em atalho em outra. As cidades incharam, os negros e negras não tinham perspectiva nem de onde ir, nem do que fazer com a tal liberdade nas mãos. E foram para os cortiços, para as periferias e depois o resto todo mundo sabe, pobreza, miséria, morro, favela, até chegarmos ao cenário que temos hoje.
Para mim o 20 de novembro é um dia festivo. É dia de celebrar Zumbi. Nosso grande herói, um dos maiores filhos das Américas. É positivo, é alegre, é dia de beber todas e comer muito, é dia de cantar, dançar, namorar... Mas o 13 de maio... Ah, não! O 13 de maio é um dia triste. É um dia de reflexão. É dia de pensar nos que morreram nos navios negreiros, nas mulheres corajosas que preferiam jogar os filhos ao mar do que vê-los escravos. É dia de resgatar na memória aqueles e aquelas que lutaram por nossa liberdade, que escreveram com o seu sangue a nossa história.
Eu não consigo ficar feliz no 13 de maio. Não consigo imaginar festejos nessa data. Pelo contrário, o 13 de maio para mim deveria ser dia de procissão, passeata, marcha, como queiram, até a Serra da Barriga para, de cabeça ao chão saudarmos nossos ancestrais. Deveria ser dia de protesto, de luta, de grito contra o racismo e a discriminação que estão aí o tempo todo e nos geram toda forma de desigualdades. Deveria ser dia de mobilização. Não dia de festa. Não dia de churrasco, feijoada, rabada ou seja lá o que for que nós negros gostamos tanto.
Eu gostaria que tratássemos o 13 de maio não como um dia de celebração da liberdade, pois, afinal, ele nada significou em termos de libertação para o nosso povo. Quem nos liberta é Palmares, é Zumbi... O 13 de maio é o dia da nossa tragédia, da nossa tristeza. É o dia de pensar que liberdade ainda não chegou, mas não tardará a chegar. Bastará apenas sermos menos festivos e mais afirmativos no que queremos.
Axé!!
Quando Isabel assinou a Lei Áurea já não existiam tantos escravos assim, mas muita gente nos interiores do país só foi saber da Abolição muitos meses depois. Era o tanto que demorava a informação para chegar, dias, semanas, meses.
Efetivamente, a Abolição foi mais pelo simbólico do que pelo real, pois, efetivamente, nada mudou na vida de escravos, ex-escravos. Pelo contrário, foram retirados de uma tragédia e jogados em atalho em outra. As cidades incharam, os negros e negras não tinham perspectiva nem de onde ir, nem do que fazer com a tal liberdade nas mãos. E foram para os cortiços, para as periferias e depois o resto todo mundo sabe, pobreza, miséria, morro, favela, até chegarmos ao cenário que temos hoje.
Para mim o 20 de novembro é um dia festivo. É dia de celebrar Zumbi. Nosso grande herói, um dos maiores filhos das Américas. É positivo, é alegre, é dia de beber todas e comer muito, é dia de cantar, dançar, namorar... Mas o 13 de maio... Ah, não! O 13 de maio é um dia triste. É um dia de reflexão. É dia de pensar nos que morreram nos navios negreiros, nas mulheres corajosas que preferiam jogar os filhos ao mar do que vê-los escravos. É dia de resgatar na memória aqueles e aquelas que lutaram por nossa liberdade, que escreveram com o seu sangue a nossa história.
Eu não consigo ficar feliz no 13 de maio. Não consigo imaginar festejos nessa data. Pelo contrário, o 13 de maio para mim deveria ser dia de procissão, passeata, marcha, como queiram, até a Serra da Barriga para, de cabeça ao chão saudarmos nossos ancestrais. Deveria ser dia de protesto, de luta, de grito contra o racismo e a discriminação que estão aí o tempo todo e nos geram toda forma de desigualdades. Deveria ser dia de mobilização. Não dia de festa. Não dia de churrasco, feijoada, rabada ou seja lá o que for que nós negros gostamos tanto.
Eu gostaria que tratássemos o 13 de maio não como um dia de celebração da liberdade, pois, afinal, ele nada significou em termos de libertação para o nosso povo. Quem nos liberta é Palmares, é Zumbi... O 13 de maio é o dia da nossa tragédia, da nossa tristeza. É o dia de pensar que liberdade ainda não chegou, mas não tardará a chegar. Bastará apenas sermos menos festivos e mais afirmativos no que queremos.
Axé!!
Um comentário:
a princesa isabel só "libertou" os escravos porque a relação com portugal ia mal das pernas, enquanto aumentavam as dívidas com a inglaterra, que exigia o trabalho "livre" (entre todas as aspas, novamente) como condição para os contratos comerciais.
os únicos que fizeram alguma coisa pelos negros nesse país foram OS PRÓPRIOS NEGROS, e não nenhum branco bondoso - razão pela qual os negros devem se reconhecer em sua própria história, escritas com letras de sangue.
força, guerreiro!
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