Waly Salomão era muito doido! Não tinha travas nem papas na língua, antes de ser atacado, atacava, colocando os interlocutores a sua volta na berlinda. E o filme mostra isso, mostra que o poeta era um fingidor nato, estava sempre falando, fazendo, atuando para as olhos-câmeras dos outros. Pan-Cinema Permanente de Carlos Nader é isso. Uma overdose de Waly Salomão. Como ele mesmo era, em sua figura, em sua fala, em sua poesia (esta sim, o seu melhor!). Ele me foi apresentado por José Junior, do Afroreggae. Fomos até Barra da Tijuca, num pequeno táxi, porque Waly nos apresentaria alguém de uma gravadora que daria uma força no então jornal da Ong. Waly deve ter me achado um chato, porque na volta não me deu papo (e olha que eu nem abri a boca na ida e menos ainda durante a reunião!). Depois cheguei a encontrá-lo algumas vezes pelo Brasil. Durante o filme, muito bem feito, alguns amigos dão declarações que se mostram dúbias: declarações de amor ou críticas ferinas? Com seu jeito espaçoso e sua figura operística, Waly consegue dar a direção (em português!) de um talk-show do qual participou na Síria, onde foi encontrar suas raízes. Material inédito, bastante interessante (com cenas impagáveis como as que mostram o poeta quebrando, acidentalmente, um narguilé – um cachimbo de água utilizado para fumar - e prontamente perguntando quanto custaria um novo). Faltaram depoimentos de seu irmão Jorge Salomão e de seu parceiro Jards Macalé em parte compensados pela leitura de alguns de seus poemas por Antonio Cícero. A canção que Caetano Veloso compôs para Waly (seu eterno afeto-desafeto) diz tudo.
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