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quarta-feira, 28 de junho de 2006

DECISÃO SOBRE A TV DIGITAL: GOVERNO PRÓXIMO DE ERRO HISTÓRICO

Além de concordar com os termos da nota Carta Aberta à Sociedade Brasileira publicada abaixo, creio que neste momento o senhor Hélio Costa mostra exatamente a que veio e, logicamente, o senhor Luis Inácio, está pagando os compromissos assumidos que, ao fim e ao cabo, não são com o povo brasileiro.

Carta aberta à sociedade brasileira

DECISÃO SOBRE A TV DIGITAL: GOVERNO PRÓXIMO DE ERRO HISTÓRICO

Em virtude das notícias veiculadas pela imprensa, que afirmam estar o governo federal pronto para anunciar o padrão tecnológico a ser adotado pelo Brasil, a Frente Nacional por um Sistema Democrático de Rádio e TV Digital vem a público expor à sociedade brasileira as seguintes questões:

1. Se concretizado, o anúncio da decisão a favor da adoção do padrão de modulação japonês (ISDB), no apagar das luzes do primeiro mandato do presidente Lula e em plena Copa do Mundo, significa a morte do SBTVD (Sistema Brasileiro de TV Digital), cuja proposta inicial baseava-se em princípios como a democratização das comunicações, a promoção da diversidade cultural, a inclusão social, o desenvolvimento da ciência e indústria nacionais (conforme o Decreto Presidencial 4.901) e implicou no investimento de R$ 50 milhões na formação de 22 consórcios de universidades brasileiras, envolvendo 1.500 pesquisadores. Ao optar pelo ISDB, o governo despreza o acúmulo social que sustentou sua eleição e submete-se de maneira subserviente aos interesses dos principais radiodifusores do país, especialmente aos das Organizações Globo. Se levar adiante o anúncio pelo ISDB, o governo brasileiro, infelizmente – e à semelhança dos anteriores –, seguirá tratando a comunicação exclusivamente como uma moeda de troca política.

2. Apesar dos insistentes apelos para que a decisão fosse tomada a partir do diálogo com os diversos segmentos da sociedade, o governo mantém uma postura pouco democrática, privilegiando a interlocução com os representantes das emissoras comerciais de televisão e negando-se a abrir espaço semelhante às organizações sociais. À tal postura soma-se a completa falta de transparência na condução do processo decisório que ainda hoje deixa a sociedade brasileira à mercê de boatos de corredor. Chegamos ao cúmulo de nem mesmo ter acesso aos relatórios produzidos no interior do SBTVD, que ainda não foram tornados públicos. Reafirmamos a certeza de que só um processo amplo, transparente e participativo, com consultas e audiências públicas, é capaz de garantir que a TV digital seja um instrumento de desenvolvimento democrático e inclusão social.

3. O Executivo ainda não apresentou qualquer justificativa plausível que aponte o ISDB, de fato, como a melhor opção para o Brasil. Este silêncio do governo, que abandonou as frustradas tentativas de emplacá-lo por supostas vantagens técnicas ou industriais, induz a uma única conclusão: a de que essas justificativas não são defensáveis publicamente, por atenderem exclusivamente a interesses privados. O país segue sem saber se existem parâmetros – sob o prisma do interesse público – baseando as decisões governamentais.

4. Não é possível que as pesquisas desenvolvidas no SBTVD, realizadas por 79 instituições de pesquisa, envolvendo mais de mil pesquisadores, seja tratado com tal descaso. A adoção do ISDB-T descarta logo de início as três alternativas de modulação aqui desenvolvidas. A anunciada intenção de que "as pesquisas brasileiras serão incorporadas em um segundo momento" oculta o fato de que existe incompatibilidade técnica no protocolo de comunicação da camada de transporte, inviabilizando, de fato, qualquer incorporação das inovações brasileiras em algum ponto do futuro.

5. Ao anunciar a decisão, o governo perde a oportunidade de promover a necessária atualização do marco regulatório do campo das comunicações, para modernizar a legislação cuja base data de 1962 e garantir o cumprimento dos princípios constitucionais não-regulamentados, como a vedação ao monopólio e a instituição de um sistema público de comunicações. Mesmo que centrada na tecnologia, uma decisão governamental que não seja acompanhada de mudanças mínimas no marco regulatório vai contrariar a legislação vigente e certamente será questionada na Justiça. Os fatos consumados gerados a partir do anúncio da decisão não podem ser tolerados pela sociedade brasileira.

6. A sociedade brasileira perde também a oportunidade de se tornar um grande produtor mundial de conteúdo audiovisual multimídia, a mercadoria por excelência da Era da Informação. Para que pudéssemos abrir milhares de oportunidades de trabalho nessa área, seria necessário democratizar o espectro, adotar tecnologias dominadas por nossos técnicos, baseadas em software livre, adotar padrões e mecanismos que possibilitem a criação e a reprodução desses conteúdos. Nada disso está sendo considerado.

Diante ao exposto, as organizações que assinam esta carta reafirmam a certeza de que a TV digital é uma oportunidade única para promover a diversidade cultural, fortalecer a democracia, desenvolver a ciência e tecnologia nacionais e incluir socialmente a imensa maioria da população, ainda desprovida de direitos humanos fundamentais.

Temos a convicção de que, ao anunciar uma decisão por uma tecnologia estrangeira, o governo estará cometendo um erro histórico, que não poderá ser revertido nas próximas décadas.

Brasília, 28 de julho de 2006

Frente Nacional por um Sistema Democrático de Rádio e TV Digital

Contatos:

Diogo Moyses – Intervozes - (11) 9402 0661 – diogomoyses@terra.com.br

James Gorgen – FNDC (61) 8111 7733 – james@fndc.org.br

Marcus Manhães – Sintipq (19) 8145 9895 – manhaes@cpqd.com.br

sábado, 24 de junho de 2006

Monitor das Fraudes - Uma excelente dica

"O Monitor das Fraudes é o primeiro site em Português sobre fraudes, golpes, lavagem de dinheiro, corrupção e outros perigos que existem na vida privada e no mundo financeiro e dos negócios.

O site tem como objetivo informar sobre estes perigos e sobre as políticas e os cuidados a serem tomados para evitar problemas".

sexta-feira, 16 de junho de 2006

As Estrelas da Aracruz Celulose - Quando se juntam burrice, má fé e desinformação


A Aracruz Celulose é uma das empresas que mais sofre denúncias em todo o país. Recentemente, durante o 4º Encontro de Cúpula de Chefes de Estado da União Européia, América Latina e Caribe, esta empresa, de maior parte de capital norueguês, parte nacional e um tanto do Bndes, foi apresentada como ré no Tribunal das Transnacionais. "...O julgamento aconteceu no âmbito do Tribunal Permanente dos Povos e analisou a atuação de várias empresas européias nos países caribenhos e latino-americanos sob a ótica de seu impacto social, ambiental e cultural", segundo matéria de Maurício Thuswohl, da Agência de Notícias Carta Maior.

Estas informações estão na Carta Maior. Podem ser encontradas com uma simples busca na Internet. Mas mesmo assim, causa espécie ver, na abertura da Copa do Mundo uma peça publicitária em que a empresa diz que "O Brasil está fazendo bonito pelo mundo inteiro". De um cinismo atroz!!

Como se não bastasse a peça é estrelada pelas seguintes pessoas: o cantor Seu Jorge, o técnico da Seleção Brasileira de Vôlei, Bernardinho, a ginasta Daiane dos Santos, o pugilista Popó, o
bicampeão olímpico e octa mundial na classe Laser, Robert Scheidt, o inacreditável astronauta Marcos Pontes (o mesmo que depois de pegar uma carona de 10 milhões de dólares na nave espacial russa, pediu para entrar para reserva nem bem pousou em terra, pagando assim todo o investimento do país feito em sua preparação e em sua viagem) e, para finalizar com chave de ouro, o equívoco em pessoa, sua excelência Edson Arantes do Nascimento, o Pelé.

Estas pessoas prestam-se ao belo de papel de, manipulando uma bola de futebol, reforçar o discurso da Aracruz Celulose de que ela é uma das grandes empresas brasileiras e que sua atuação no campo social e ambiental é exemplar. Pura falácia!! Se os atletas, astronautas, músicos e quetais envolvidos nesta propaganda tivessem se dado o mínimo de trabalho de saber para quem estão trabalhando talvez não gostassem de vincular suas imagens à uma empresa que é acusada (com provas) de invadir terras indígenas e de quilombolas, assorear rios, perpetrar os mais absurdos crimes ambientais no Estado do Espírito Santo, de envolver-se na política local subornando políticos para que estes estejam de acordo com seus interesses, de manipular a seu bel prazer a mídia local com sua imensa capacidade de recursos para anúncios nestes veículos, além de outras questões que podem ser encontradas sem muito esforço com uma busca na internet que pode ser feita por atletas, astronautas, músicos e quetais.

Mas a questão que se apresenta é se, de fato, há desinformação aí ou apenas falta de interesse. Afinal, receber alguns milhares de reais e engordar a conta bancária é sempre mais importante que envolver-se em problemas de pequenas comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas etc. Pode ser má fé, pode ser burrice, pode, realmente, ser desinformação, mas o fato é que estas pessoas têm responsabilidade direta sobre sua imagem e sobre o que projetam e deveriam buscar ter um pouco mais de zêlo por elas e por quem influenciam.

O Milton Nascimento já dizia que o artista deve ir aonde o povo está. No entanto, de um tempo para cá isso virou anátema. Poucos são os artistas, celebridades, astronautas ou seja lá o que for, que têm, de fato, interesse em se comprometer com causas sociais que sejam, de fato, representativas para o debate das grandes questões nacionais. Quando se tocam em questões pontuais tipo Criança Esperança ou outros debates emocionais do tipo aí é até bom aparecer emocionado pedindo uns milhõezinhos a mais para ajudar os pretinhos da favela a não virarem delinquentes (o caminho natural destes, na concepção das Bias Lessas, Reginas Casés, Afrorreggaes, Rubem Césares e outros aí da vida). Agora quando é pra tocar nas questões estruturais aí a coisa pega.

A propaganda em questão traz três negros: Seu Jorge, Daiane dos Santos e Pelé. Bom, o Pelé já disse que não é negro, negro é o Edson. Mas como ninguém conhece o Edson pouco se sabe sobre sua militância política no que tange à questão racial. Quanto à gaúcha Daiane e ao ex-morador de rua Seu Jorge, é difícil imaginar que em algum momento da vida estes não tenham se confrontado com a questão da côr da pele à sua frente. No entanto, nunca se viu uma linha destas figuras sobre a questão racial no Brasil, sem dúvida um dos grandes temas da atualidade. Parafraseando o velho Brizola, há negros que os brancos adoram. Principalmente aqueles que ficam de plantão para reforçar a noção de que não existe racismo no Brasil e a democracia racial é uma realidade.

Só um alerta a estes atletas, astronautas e músicos, que gostam de vender suas imagens sem saber a quem estão vendendo: quando estourou o escândalo da empresa Boi Gordo, o Antônio Fagundes teve a dignidade de vir a público dizer que havia cometido sério equívoco ao não saber realmente a quem estava vinculando sua imagem, já que à época ele se tornou a grande cara pública desta empresa. Acho que é fundamental daqui por diante que estas pessoas saibam exatamente com que tipo de empresa estão se envolvendo. Afinal, levá-las aos órgãos internacionais como cúmplices dos crimes que a Aracruz vem cometendo no Brasil pode, afinal, não ser má idéia.

quinta-feira, 8 de junho de 2006

Entrevista com Maurício Pestana

Este blog já teve a oportunidade de falar do Maurício Pestana. Segundo apresentação institucional de seu site " Maurício Pestana é publicitário, cartunista, escritor e roteirista com trabalhos publicados no Brasil e no exterior. Sua extensa obra tem se destacado principalmente pela luta em favor dos direitos humanos e cidadania plena das ditas minorias brasileiras, feito que lhe concedeu reconhecimento internacional".

Mas é, antes de tudo, como um dos mais engajados e críticos militantes do Movimento Negro que Pestana se destaca. Com sua verve humorística e sua inteligência ímpar, Pestana destaca elementos das relações entre negros e brancos que muitas das vezes passam desapercebidos. Neste momento nosso valoroso cartunista está enfrentando problemas com a Polícia Militar de Minas Gerais. Esta o está acusando de "denegrir" sua imagem ao ser apresentada por ele como um dos órgãos repressores de negros no Brasil.

Segundo matéria publicada pelo jornal O Tempo, de Belo Horizonte: "O Comando Geral da Polícia Militar (PM) deve encaminhar um documento de alerta ao prefeito Fernando Pimentel. Aintenção é informar sobre o preconceito contra a corporação explicitado em um dos livros do kit de literatura afro- brasileira distribuído para as bibliotecas da rede por meio da Secretaria Municipal de Educação.

Com o título 'Violência Histórica', a publicação conta a vida de um jovem negro que morre em uma favela baleado pela polícia. A ilustração da capa é de um rapaz caído com tiros na testa e sangue. Uma pessoa fardada com um coturno pisa sobre o corpo.

'Respeitamos muito a autonomia da prefeitura na gestão do ensino de Belo Horizonte. Mas nos sentimos na obrigação de contribuir, mostrando essa distorção do trabalho policial, não condizente com a realidade', salientou o chefe do setor de comunicação organizacional da PM, tenente-coronel Alexandre Salles.

Segundo ele, a abordagem histórica é coerente quanto à escravidão. No entanto, quando chega à atualidade, o negro aparece subjulgado e oprimido pela polícia. Para a corporação, a leitura é preconceituosa, principalmente em um momento em que a PM implementa no Estado uma série de projetos educativos voltados para a criança e o adolescente.


Abaixo falamos desse assunto com o próprio Pestana.

Como é essa história da Polícia Militar de Minas Gerais ter entrado com uma representação contra seu trabalho alegando que a imagem da PM está sendo vilipendiada? Ou seria "denegrida"?

Isso me pegou de surpresa soube ontem quando voltei para o Estúdio o telefone não parava de tocar, era a imprensa querendo ouvir minha opinião a respeito do caso.

É a primeira vez que ocorre tal situação contigo ou você tem outras experiências a relatar?
Em mais de 25 anos de profissão, dos quais 17 em redações de jornais e revista, com 12 livros e mais de 40 cartilhas foi à primeira vez e olha que comecei desenhar no governo Figueiredo (durante o regime militar).

Como é estar do outro lado? Você está sempre denunciando, sempre apontando à dura e crua realidade em que o negro brasileiro vive. Como é agora, ver seu nome apontado com alguém que está maculando a imagem de uma instituição como a Polícia Militar?

Para ser sincero não entendi ainda a critica, pelo pouco que pude compreender uma hora falam que é a capa do livro, depois me parece que elogiam a parte histórica do livro e só não gostaram quando chego à atualidade que eu estaria associando opressão que o negro sofre em nossa sociedade ao aparelho policial enfim ainda não deu para compreender o que esta pegando!

Que tipo de apoio você tem recebido neste momento, seja da militância negra, seja de outros órgãos?

Total, tenho recebido email do Brasil inteiro, de pessoas anônimas e de militância em geral indignada com este episodio, meu pedido tem sido sempre para que remetam os emails para a secretaria de educação de Belo Horizonte para dar apoio aos companheiros de lá. Tenho também que ressaltar aqui o papel excelente da imprensa ( que costumeiramente temos criticado) porem neste caso tem se mostrado imparcial e em alguns momentos indignada com este tipo de censura!

Você encara esta ação como algum tipo de censura? Teme que daqui pra frente você fique marcado pelo aparelho policial como um homem que não gosta "dos homens"? E que ligação você faria deste episódio contigo com o que ocorreu com o Ferrez, que depois das criticas publicadas em seu blog teve que sair de São Paulo por conta da perseguição e ameaças de policiais?

Quando se tem 42 anos de idade e consciência do que é ser negro no Brasil, censura, privações, discriminação e todo tipo de violência física e psicológica fazem parte do nosso cotidiano o que temos que fazer é lutar sempre sem desistir ou se intimidar para mudar isso para que o futuro dos nossos filhos e deste país seja diferente.

sexta-feira, 2 de junho de 2006

Agora é Hexa!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Este blog já está em ritmo de campanha de Copa do Mundo. Querendo copiar o coração abaixo é só clicar com o botão direito do mouse e copiar para seu micro.

quinta-feira, 1 de junho de 2006

Eis o primeiro piloto negro da F1

Talvez 2007 seja um grande ano na Fórmula 1. É provável que neste ano não tenhamos mais o alemão Michael Schumacher como o piloto a ser batido e Fernando Alonso esteja se solidificando como o grande campeão atual. Se Deus e todos os Orixás permitirem o filho do Piquet e o sobrinho do Ayrton estarão chegando para buscar o seu lugar ao sol. (Enquanto isso, logicamente, o Rubinho continuará chegando em sétimo e a Globo continuará dizendo que ele fez excelente corrida, mas deixa pra lá.)

Quero falar mesmo é do Lewis Hamilton. Este piloto inglês é o atual líder da GP2 (acesso à F1) e é considerado pelos especialistas um fora de série. Ele tem vindo bem na atual temporada e já caiu nas graças dos grandões da F1 que o querem da McLaren no próximo ano, provavelmente no lugar do azarado Kimi Raikonen. Será uma boa nova, sem dúvida. Lewis será o primeiro piloto negro da F1, mas tal como as mulheres e os asiáticos, na hora em que vestir o uniforme e puser o capacete pouco importará sua origem étnica, todos quererão saber se, de fato, temos um grande piloto ou apenas mais um balão de ensaio, tipo o Massa (Massinha para os globais).

Pois bem, que venham Lewis, Piquet, Senna, a somar-se com Rosberg (parece sessão nostalgia) e, quem sabe, a F1 volte aos encantos de outrora.